sexta-feira, 15 de maio de 2009

A esperança da biotecnologia

A crise dos alimentos, iniciada há algum tempo, que teve grande repercussão ano passado, lançou novamente os alimentos transgênicos em pauta, como alternativa para um mundo cada vez mais populoso e menos capaz de atender a necessidade dos bilhões de habitantes terrestres. Grande parte do receio da população comum com relação aos alimentos transgênicos se deve ao mistério que envolve esta tecnologia.
Não é segredo para nenhum especialista da área que os transgênicos são vistos com muito medo pela população, sendo capazes de causar mal à humanidade e trazer doenças nunca dantes vistas. Mas afinal, o que são transgênicos? Segundo a engenheira florestal da Embrapa, Regina Quisen, transgênicos são todos e quaisquer organismos que tiveram sua estrutura genética modificada, para se tornarem mais resistentes e nutritivas. A engenharia genética vem estudando e investindo fortemente nesta área, pois para os especialistas, ela será a fórmula do futuro para alimentar a população crescente do mundo.

Arroz transgênico

Em 2005 no Reino Unido, cientistas desenvolveram uma nova variação de arroz geneticamente modificado. Esta espécie contém até 20 vezes mais betacaroteno (pró-vitamina que o corpo humano transforma em vitamina A) que as linhagens criadas em laboratório anteriormente.
O novo grão vem sendo estudado como uma alternativa ao combate da cegueira infantil, nos países em subdesenvolvimento. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano 500 mil crianças ficam cegas por falta de vitamina A, que é obtido através da absorção do betacaroteno no organismo. Há 5 anos, uma primeira linhagem de arroz dourado foi criada em laboratórios da Suíça. Na época, ela foi recebida como uma solução imediata para a cegueira infantil. No entanto, estudos posteriores revelaram que esta variação não produzia uma quantidade de betacaroteno suficiente para satisfazer as necessidades diárias de uma criança. Além disso, o preconceito e a polêmica em torno dos alimentos transgênicos ajudaram a impedir o cultivo experimental nos campos da Ásia.

A nova variedade do arroz dourado foi desenvolvida nos laboratórios da empresa de biotecnologia Syngenta. A empresa chegou a oferecer o arroz gratuitamente para centros de pesquisa em países asiáticos. Se conseguirem permissão dos governos, os laboratórios asiáticos poderão prosseguir com o plantio do novo arroz dourado.
Alguns engenheiros agrônomos e grupos de defesa do meio ambiente são contra a criação de alimentos geneticamente modificados para solucionar o problema. Eles afirmam que a melhor solução seria estabelecer uma dieta mais balanceada, com o betacaroteno vindo de fontes naturais, como legumes e frutas de cores amarelo-escuras ou verde-escuras.
O anúncio feito pelos britânicos foi a primeira evidência concreta de que a tecnologia dos alimentos geneticamente modificados pode resultar em cultivos que tenham como objetivo resolver o crescente problema da desnutrição nos países em desenvolvimento, que se agrava a cada ano. O uso dos transgênicos seria a solução imediata, enquanto a dieta balanceada certamente só poderia ser empregada em longo prazo.

Animais transgênicos


Não são apenas os alimentos que são geneticamente modificados. Em 2002, os pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo apresentaram um camundongo transgênico, para ser usado como cobaia em experiências de laboratórios. Os cientistas conseguiram, pela primeira vez no Brasil, alterar o código genético de um animal, através da técnica de a micro injeção pró-nuclear. Este método consiste em, logo após o acasalamento dos animais, os pesquisadores isolam o embrião e injetam nele o gene a ser estudado, que pode ser tanto de uma doença quanto de um gene a ser estudado.




Neste caso específico, o camundongo recebeu um gene que os cientistas apostam que protege seu coração. Depois disso, doenças cardíacas foram provocadas no animal, para saber se o animal ficou mesmo resistente. Se os resultados fossem comprovados, o gene serviria de base para a produção de remédios. O fator mais importante desta pesquisa foi que, de importador, os pesquisadores passaram a ser produtores de animais transgênicos. Mais de R$ 100 mil deixaram de ser gastos pelo governo brasileiro em importação de animais transgênicos para estudos e pesquisas científicas. Desta forma, não só o domínio da técnica, como o acesso às pesquisas ficou muito mais rápido. Em seis meses, os cientistas da Universidade Federal de São Paulo vão começar a fornecer as cobaias com gene resistente a doenças cardíacas.

Prós e contras
Quando Oswaldo Cruz, em 1904, convenceu o então presidente do Brasil, Rodrigues Alves, a decretar a vacinação obrigatória e formar os batalhões mata-mosquitos para combate de doenças como febre amarela e varíola, a população, que não estava informada sobre os benefícios da nova descoberta, não permitia que os higienistas entrassem nas casas e cortiços cariocas. Nas décadas seguintes, com mais cuidado e esclarecimentos, os governos conseguiriam implementar a vacina obrigatória.
Hoje, sabe-se que a falta de informação da população pode causar atrasos no desenvolvimento de uma nação. Se, no Brasil, não tivesse sido implantada a vacina obrigatória, não teríamos erradicado a varíola no país. O novo assusta, ainda mais quando se fala em modificações genéticas, assunto complexo e que gera muitas dúvidas. Talvez se deva aprender com a história, de um passado não tão distante, e não julgar o que não se conhece, para que o Brasil não viva um atraso científico e médico.


















Elaborado por: André Moreira, Bruce Willas, Florêncio Mesquita, Larissa Santiago, Lucas Prata e Stefanie Stefaisc.

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