sexta-feira, 15 de maio de 2009

Entrevista Wenceslau Geraldes Teixeira


Criação de base petrolífera em área do município de Coari gera danos ao solo

O pesquisador doutor, Wenceslau Geraldes Teixeira, graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (1989), possui mestrado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Universidade Federal de Lavras (1992) e doutorado em Geoecologia (Dr. rer. nat.) pela Universidade de Bayreuth - Alemanha (2001). Desde 1995 é pesquisador da Embrapa lotado no Centro de Pesquisa Agro florestal da Amazônia Ocidental, em Manaus - Amazonas. Participa como professor associado da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no curso de pós-graduação em Agronomia Tropical e do curso de pós-graduação em Agricultura do Trópico Úmido com o Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA). Ultimamente tem trabalhado na área de Agronomia, com ênfase em Física, Manejo e Conservação do Solo e da Água, atuando principalmente nos seguintes temas: indicadores da qualidade física de solos de áreas degradadas; métodos de avaliação das propriedades e características físico-hídricas de solos tropicais; modelagem de fluxos de água no solo; gênese das Terras Preta de Índio e uso de carvão vegetal como condicionador do solo. Com base em sua atuação na base petrolífera de Urucu - Coari, Amazonas, onde desenvolve um estudo de recuperação do solo daquela área, devido ao desmatamento causado dada a instalação da base, o pesquisador doutor, recebeu a revista Conhecimento em Foco, para a entrevista especial desta semana.

Qual a intensidade do impacto ambiental na área onde foi construída a base petrolífera de Urucu e suas conseqüências?

“O impacto ambiental da exploração de gás e petróleo é concentrado na área da
base de operações Geólogo Pedro de Moura (bogpm) e algumas clareiras de
poços exploratórios. Em comparação com os benefícios desta exploração ao
país é bastante reduzido, também quando se compara com os impactos causados
por outras atividades de mineração e mesmo da agricultura.”


Explique e defina a classe de solo predominante na região da base petrolífera?

“A formação geológica que está na superfície da base de operações
é chamada de formação Solimões, sendo geologicamente falando, alguns milhões de anos mais nova que a formação que estamos aqui em Manaus. Esta diferença de idade e também do material que forma estas bacias sedimentares levou ao desenvolvimento de diferentes solos. Na bogpm,
predomina os solos das classes dos cambissolos e dos argissolos. Já em Manaus na área de terra firme predomina-se os latossolos argilossos. A classe de solo é uma classificação utilizada para agrupar solos que apresentam uma mesma característica no sistema brasileiro de classificação de solos, há 14 classes.”


Quais os fatores imprescindíveis para o monitoramento e entendimento dos processos que ocorrem no solo, dentro de um processo de formação de um horizonte artificial e do sucesso de revegetaçao?

“Há vários fatores imprescindíveis na formação do solo. O processo
pedogenético de formação dos horizontes é uma combinação de processos
físico, químicos e biológicos. Existe a criação de fraturas, trincas pelo
aquecimento e esfriamento, pela chuva e principalmente pela atividade
biológica - movimentação de minhocas, cupins, formigas e crescimento de
raízes. Todo este complexo vai criando um ambiente favorável ao
estabelecimento de plantas e de outros animais, que numa intricada cadeia
garante o sucesso da revegetação. O entendimento de processos complexos como
este, só é possível por equipes trans-disciplinares e utilizando ferramentas
de análises sistêmica”.


A que ponto os teores de carbono orgânico na superfície determinam a cor do solo no processo de recuperação?

“As cores com tons amarronzados e mesmo pretos na superfície do solo, são devidos a frações escuras da matéria orgânica. A matéria orgânica é fonte de carbono para as atividades de diversos grupos de organismos e nos solos tropicas é ela que tem cargas para reter os nutrientes minerais para as plantas. O aumento dos teores de matéria orgânica é fator crucial para o processo de revegetação - seu monitoramento pode ser feito através das mudanças das cores do solo.”


Quais as principais dificuldades encontradas no decorrer da pesquisa, sobre parâmetros físicos e hídricos para monitoramento da recuperação de uma área degradada pela retirada dos horizontes superficiais do solo locada na base petrolífera do Urucu - AM?

“A dificuldade de monitorar processos físico e hídricos no solo é que são
atividades dinâmicas. Os valores da umidade do solo alteram-se a cada chuva,
as propriedades físicas como a porosidade se altera com os crescimento das
raízes, atividade de macro e micro fauna do solo e pela compactação causada
pelo homem. Pode-se dizer que a maior dificuldade são os custos de equipamentos, dado que estas propriedades precisam ser monitoradas no local. A interpretação
sistêmica dos dados a gerar informações que possibilitem o entendimento do
processo da restauração ambiental e também um desafio pela complexidade das
interações entre diversas áreas da ciência (botânica, agricultura,
biológica, meteorologia). O projeto Ctpetro - amazonas tem equipes
multidisciplinares e tem feitos grandes avanços nos entendimentos dos
processos, e forma de intervenção para acelerar a restauração.”




Equipe: Conhecimento em Foco
Integrantes: José Américo Viana, Samuel Magalhães, Taniamara Freitas e Tuanny Lima.
Turma CJN05S1.

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